O professor Bruno Andrade Pinto Monteiro recebeu o Prêmio Professor Rubens Murillo Marques, edição 2011, da Fundação Carlos Chagas — Incentivo a quem Ensina a Ensinar —, pela criação de uma nova disciplina para o curso de licenciatura em química: Espaços Não Formais de Educação em Ciências. O objetivo é incluir na formação dos professores a reflexão sobre o uso de espaços não formais no ensino de ciências, como museus e centros científico-tecnológicos.
Há dez anos no magistério, quatro dos quais com alunos do ensino médio, Monteiro é professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais. Sua atuação ocorre, principalmente, na formação de professores de ciências e de química e no mestrado em educação; no desenvolvimento e na inovação de material didático de ciências e química e em projetos de divulgação científica em museus e centros de ciência e tecnologia.
Com doutorado em educação em ciências e saúde pela Universidade de Aveiro, Portugal, e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele tem licenciatura em química e mestrado em tecnologia educacional nas ciências da saúde.
Jornal do Professor — Quais as maiores dificuldades que os alunos enfrentam no aprendizado de química?
Bruno Monteiro — As clássicas deficiências formativas dos anos de escolarização anteriores: dificuldades em ler, escrever e interpretar; dificuldades com operações matemáticas básicas; despreparo dos docentes; falta de infraestrutura física nas escolas; falta de material didático adequado à realidade local.
— Por que resolveu criar a disciplina espaços não formais de educação em ciências? Quais os principais conteúdos que dela fazem parte?
— Ao observar o contexto das práticas educativas empreendidas no âmbito das relações entre escolas e museus de ciências, centros de ciências e tecnologia, não é raro constatar a existência de diversas formas de relacionamento que variam entre atividades de cunho ilustrativo, a exemplo das visitas escolares, até a realização de abordagens didáticas planejadas por meio de interesses e objetivos comuns entre instituições. De qualquer modo, o argumento que buscamos construir advoga em favor de um tipo de relacionamento que seja abrangente e que ultrapasse a dimensão da visita ilustrativa, como um fim em si mesma, para uma intervenção que potencialize a inserção cultural e social dos atores envolvidos. A consequência preeminente dessa visão nos interpõe o grande desafio de vislumbrar a questão das relações possíveis entre escolas e MCCT como pauta do cenário de formação inicial e continuada de professores de ciências. Alguns estudos já sinalizaram a necessidade de se preparar os professores para utilização dos MCCT como um recurso pedagógico numa perspectiva que extrapola a mera visitação ilustrativa aos acervos dessas instituições.
A literatura da área de pesquisa em educação em ciências vem apontando que a constituição das relações, parcerias e colaborações entre o contexto escolar formal e os MCCT é um aspecto que deve ser levado em conta nas iniciativas que buscam promover inovações e agregar novas práticas no contexto da formação inicial de professores. A colaboração entre escolas e MCCT já pode ser vista como uma estratégia favorável para melhoria do letramento científico por parte do público escolar.
Entre os argumentos que reafirmam tal ponto de vista, destaca-se a visão de que os MCCT oferecem ambientes facilitadores da aprendizagem, uma vez que conjugam de múltiplas linguagens capazes de aguçar o interesse pela informação de forma mais profunda do que no ambiente escolar, ora centrado no modelo livresco e expositivo-oral do conhecimento. A partir dos argumentos apresentados, os quais, por sua vez, testemunham o início de um processo de inovação formativa, que se inaugura por meio da inserção do tema da educação não formal no contexto da licenciatura em química, construímos a proposta de uma intervenção didática que colocou em pauta o referido tema num momento singular da formação de um grupo de futuros professores. Ou seja, no último semestre do curso, no momento de finalização dos estágios supervisionados.
— Sua atuação ocorre diretamente na área de formação de novos professores. O que os novos professores de química precisam saber e pôr em prática quando forem lecionar?
— É fundamental para os novos professores a disposição para aprender e reaprender constantemente; a ampliação do capital cultural, letramento e conhecimento geral; habilidades de liderança e para condução de trabalhos em equipes; habilidades para condução de projetos pedagógicos; habilidades para problematização do cenário escolar sob diversas perspectivas (gestão, avaliação, currículo, violência etc.); engajamento político e social e domínio conceitual.
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