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JORNAL
Edição 119 - Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2015
10/11/2015
 
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Mikiya Muramatsu (IF-USP): “Pesquisadores devem comunicar e disseminar o conhecimento à população”

O professor Muramatsu defende a realização de eventos de divulgação científica

O professor Muramatsu defende a realização de eventos de divulgação científica

Autor: Arquivo pessoal


Professor associado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Mikiya Muramatsu tem se destacado pela realização de eventos de divulgação científica em escolas públicas e espaços não formais. Ele foi o criador do projeto Arte e Ciência no Parque e do evento Virada Científica, incluído este ano entre as atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em São Paulo.

De acordo com o professor, os extraordinários avanços na área de ciência e tecnologia tornam necessárias novas ferramentas e metodologias. Ele defende, portanto, a formação continuada não só para os professores, mas para profissionais de todas as carreiras. “Os pesquisadores da academia devem se preocupar em comunicar e disseminar o conhecimento à população em geral, com uma linguagem simples, em palestras, debates e visitas a escolas”, diz. Muramatsu tem licenciatura e bacharelado em física e mestrado e doutorado também em física. (Fátima Schenini)

Jornal do Professor O senhor acredita que crianças e adolescentes se interessem por temas científicos e tecnológicos? O que escolas e professores podem fazer para aumentar esse interesse?

Mikiya Muramatsu — Os vídeos na internet, quando bem feitos, chamam a atenção do público jovem. Os professores devem explorar as informações disponíveis nas redes para transformá-las em conhecimento para as crianças. É preciso repensar a formação inicial dos professores nas universidades, envolver cada vez mais os alunos no processo de aprendizagem. A crise na educação e na escola é um fenômeno mundial, mas muitos países já estão pesquisando novas formas de ensinar e aprender. Precisamos também estar ligados nesses temas.

Os professores da educação básica estão bem preparados para ensinar conteúdos científicos e tecnológicos? Como está a formação de professores na USP para a área de ensino de física, especificamente?

— Nos últimos 50 anos houve uma explosão de conhecimento jamais vista na história da humanidade, mas a formação dos professores, especialmente nos anos iniciais, continua extremamente precária, com currículos desatualizados, pouca ênfase na experimentação e descolada da realidade sociocultural. Mesmo os cursos de licenciatura da USP, considerada uma universidade exemplar na América Latina na área do ensino de física, estão desatualizados e pouco atrativos para os alunos, sem levar em conta a questão salarial e as condições de trabalho.

É importante que os professores da educação básica participem de oficinas ou cursos de formação continuada para o aprendizado de novas técnicas de ensino nas áreas de ciência e tecnologia? Qual o papel da academia na disseminação de conhecimentos científicos entre professores da educação básica e a população em geral?

— Sem dúvida nenhuma, a formação continuada é importante na atualidade em todas as carreiras, não só para o professor. Os avanços hoje em C&T são extraordinários e com velocidade surpreendente. São necessárias novas ferramentas e metodologias para acompanhar esse desenvolvimento. Os pesquisadores da academia devem se preocupar em comunicar e disseminar o conhecimento à população em geral, com uma linguagem simples, em palestras, debates e visitas às escolas.

O senhor coordena o projeto Arte e Ciência no Parque, do Instituto de Física da USP. O que pode dizer sobre ele?

— O projeto tem esse nome de fantasia, pois foi criado para difundir e popularizar a C&T entre o público em geral, atendendo a um edital de 2006 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A partir de 2007, o projeto passou a levar experimentos simples de física, matemática e biologia e algumas atividades de artes, como dança e música, aos parques públicos da cidade de São Paulo. Com o passar do tempo, escolas municipais e estaduais pediram exposições. Constam do acervo cerca de 60 experimentos na área de ciências e matemática e dez temas para oficinas, como foto na lata, reco-reco, cinepalito, caleidoscópio, luneta e holografia. Participam do projeto alunos dos cursos de licenciatura e de bacharelado em física e, eventualmente, de outras áreas, como matemática, biologia e saúde pública. É uma boa oportunidade de o estudante praticar o conceito aprendido, muitas vezes apenas na teoria, diante do público em geral e de alunos da educação básica e, assim, melhorar sua comunicação e manter contato direto com a realidade da escola. O projeto já interagiu com mais de 30 escolas públicas da educação básica. Nos oito anos de atuação, tivemos mais de 90 mil visitantes. Cerca de 40 alunos atuaram como mediadores no projeto. A equipe participa de congressos científicos organizados pela Sociedade Brasileira de Física e de vários programas da USP, como a Feira das Profissões, A Universidade e as Profissões, Vivendo a USP e SNCT.

Foi realizada em todo o Brasil, de 19 a 25 de outubro, a 12ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Qual a contribuição de eventos como esse para a popularização da ciência no Brasil?

— Em muitas cidades do país, a SNCT é um evento extremamente importante para estimular as vocações científicas, especialmente nos jovens e nas crianças, e mostrar à população em geral a importância da C&T no mundo contemporâneo.

Qual a importância de realizar eventos como feiras de ciências nas escolas?

— As feiras de ciências podem estimular o protagonismo do aluno, despertar vocações e constituir a oportunidade de praticar a interdisciplinaridade.

O Instituto de Física da USP participa há dois anos da Virada Científica. Qual o objetivo e principais atividades desse evento?

— O objetivo principal da Virada Cientifica é mostrar à população em geral a ciência, a tecnologia e a cultura desenvolvidas na universidade. Nas duas edições, foram realizadas cerca de 100 atividades, nas diversas unidades participantes, a maioria concentrada no campus de São Paulo, tais como palestras, shows de ciências, mostras, demonstrações, oficinas, filmes, debates e visitas a laboratórios. Este ano, em particular, ela foi realizada em conjunto com a SNCT.

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