“O xadrez dá um balizamento na vida. Muda o comportamento e modifica o jeito de ser”, acredita Mauri Pavarini Soares de Mello, de Penápolis, na região noroeste do Estado de São Paulo. Introdutor do jogo de xadrez na escola e um dos criadores do Clube de Xadrez do município, Mauri também incentiva a participação de estudantes em campeonatos e torneios estaduais da modalidade.

Professor de educação física aposentado, Mauri relembra sua própria história ao falar sobre a influência do xadrez. De origem humilde, oriundo da área rural, ele conta que se sentia um pouco deslocado na cidade. Tudo mudou depois que aprendeu a jogar xadrez. A atividade lhe abriu portas e fez surgir novas amizades.

Ele deu início ao ensino de xadrez para estudantes na Escola Estadual Luíza Maria Bernardes Nory, a pedido de sua esposa, Ana Maria Romera de Mello, que era a diretora. Atuava como voluntário, fazendo um trabalho com crianças irrequietas, dispersivas e com problemas de aprendizagem. Depois passou a fazer parte do projeto Atividade Curricular Desportiva (ACD), que oferece diversas modalidades esportivas a estudantes das escolas estaduais, no horário contrário ao das aulas.

Em seu trabalho pôde perceber a ocorrência de mudanças no comportamento dos alunos, para melhor. “Não sei se foi por que era novidade, mas as coisas aconteceram em um crescendo! Os alunos ficaram muito entusiasmados e participaram de campeonatos estaduais em cinco ocasiões”, diz.

Graduada em educação artística, a professora Ana Maria tem 37 anos de serviço, 18 dos quais como diretora. “Não gosto de trabalhar contra as drogas, mas a favor do esporte. Então, em todas as escolas onde atuo sempre promovo diversas atividades esportivas e também crio um coral,” explica. Após a introdução do ensino de xadrez, ela percebeu que os estudantes adquiriam alguma disciplina, além de terem mais concentração e desenvolverem o raciocínio.

Neste ano, Ana Maria foi designada para a direção da Escola Dr. Carlos Sampaio Filho. A instituição oferece dez modalidades esportivas diferentes dentro do projeto ACD. Uma delas é o xadrez, com 25 vagas para alunos de 5ª e 6ª séries. “As diversas atividades oferecidas tornam a escola um espaço de convivência agradável, pois vão-se formando grupos de afinidade, de acordo com as preferências, que contribuem muito para a otimização da aprendizagem”, ressalta.

Xadrez online – Em Taguatinga, no Distrito Federal, o professor André Luiz Santos Faria utiliza a internet para estimular o interesse de seus alunos pelo jogo de xadrez. Há três anos dando aulas para alunos de ensino médio na Associação Lecionar Unificada de Brasília (Alub), André Faria relata que os estudantes usam tanto o tabuleiro quanto a internet e podem jogar uns contra os outros ou até mesmo contra adversários de outros países. “Os estudantes se divertem. Já teve um aluno que conseguiu ganhar até de um jogador russo”, assegura. As aulas de xadrez também trouxeram bons resultados em outras disciplinas. Segundo André Faria, ele já obteve retorno de colegas professores sobre a melhora do raciocínio lógico de alguns alunos.

Criativo e preocupado com os alunos, o professor acrescentou mais uma modalidade a suas aulas, neste ano, onde também desenvolve atividades de futsal, vôlei, basquete e handebol: o exercício sobre bola. “É uma atividade que proporciona mais flexibilidade, equilíbrio e alongamento, além de aumento e enrijecimento do tônus muscular, pois verifiquei que os alunos tinham um déficit muito grande nessas áreas, devido ao uso prolongado de televisão, computador, e videogame”, argumenta André Faria, que também atua como professor em academia desportiva de Brasília.

(Fátima Schenini)