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Edição 18 - Brinquedos Educativos
27/04/2009
 
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Brinquedos e outros artefatos podem contribuir para aprendizagem científica

Autor: Arquivo pessoal


A brincadeira envolve todas as idades e o brinquedo sofre transformações – da mesma forma que o bebê brinca com o chocalho, o adulto "brinca" com o celular. O importante é a qualidade do brincar, ou seja, o quanto ele favorece a construção da autonomia do sujeito que brinca. A opinião é do doutor em educação, Marcos Pires Leodoro, professor e pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e um dos responsáveis pelo Laboratório Pedagógico de Formação de Professores do Departamento de Metodologia do Ensino, do Centro de Educação e Ciências Humanas da mesma instituição.

Com apoio do CNPq, Marcos Leodoro organiza oficinas de divulgação da ciência, matemática e tecnologia para crianças de três a seis anos e para professores de escolas municipais de educação infantil do município paulista de São Carlos. Também é responsável pela montagem de um acervo de brinquedos e atividades de educação científica, na Unidade de Atendimento à Criança da UFSCar.

Segundo o professor, que é licenciado em física e deu aulas também no Instituto Federal de São Paulo (antigo Centro Federal de Educação Tecnológica – Cefet), ele sempre utilizou os brinquedos em suas aulas, tanto no ensino básico quanto na universidade. No início, conta, os estudantes de licenciatura em física eram meio reticentes à proposta de realizar atividades visando explorar conceitos físicos presentes no design e funcionamento de brinquedos. Mas, depois, revela, diversos alunos assumiram a proposta e a aplicaram em suas próprias aulas.

Marcos Leodoro explica que a proposta de utilização do brinquedo na educação científica das crianças visa à criação de uma ambiência lúdica, um “espaço potencial”, segundo Winnicott, ou uma “zona de desenvolvimento proximal”, de acordo com Vygotsky. “Por meio da brincadeira que o brinquedo enseja, mas que só é efetivada pela ação e pelo gesto da criança, a realidade, posta em suspensão, porém jamais ignorada, pode ser representada e, desse modo, problematizada”, justifica.

Em sua opinião, o brinquedo não é e não deve ser objeto de alienação. Para ele, a maioria dos objetos, em todas as faixas etárias, pode ser apropriada enquanto instrumento pedagógico da educação científica. Isso ocorre não por acaso, mas em virtude do forte caráter científico e tecnológico da produção material contemporânea, acredita.

“Potencializando a curiosidade e a criatividade das crianças, propomos a elas a reelaboração dos brinquedos e a construção da brincadeira a partir da interação com os objetos industrializados e outros que criam por meio do aproveitamento de materiais de baixo custo”, diz. Ele destaca que as ações das crianças sobre esses objetos devem envolver, entre outras atividades, a construção e desconstrução física, a manipulação livre, e a bricolagem. “Temos tido um retorno muito positivo das crianças, no sentido de verificar o quanto estão atentas à realidade em que vivem e como podem criar, transformar e ressignificar os objetos e brinquedos”, assegura.

Comunidades pobres – Na visão de Marcos Leodoro, mesmo os professores de comunidades pobres dispõem de inúmeros recursos para a educação científica dos estudantes, desde que tenham motivação, uma formação razoável na disciplina em que lecionam, e espírito criativo. “Quando vejo caixas de papelão, garrafas PET e outros objetos jogados pelas ruas, penso em várias apropriações lúdicas e didáticas que poderiam ser realizadas com esses materiais”, ressalta o professor.

(Fátima Schenini)

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