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DIARIO
Edición 18 - Brinquedos Educativos
27/04/2009
 
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O valor do universo lúdico nas pequenas comunidades

Autor: Arquivo pessoal


A compreensão do universo e a antecipação da realidade fazem parte da arte de brincar. A conclusão é da mestre em educação, Renata Meirelles, que coordena o projeto Brincadeiras Infantis na Região Amazônica (Bira). Em suas viagens pela região Norte do país, ela e o marido, o documentarista norte-americano David Reeks, registraram em documentário um vasto repertório do patrimônio lúdico de comunidades ribeirinhas e indígenas.

“O Brasil é uma nação rica na cultura própria da infância, especialmente em áreas mais afastadas da cidade grande”, avalia Renata, que descobriu, nessa experiência, que a diversão começa desde a fabricação do brinquedo e não na relação de consumo.

A pesquisa começou quando Renata decidiu introduzir brincadeiras no ensino, na época em que dava aulas de educação física em escolas particulares de São Paulo. “Comecei com os jogos tradicionais, mas não sabia como fazer direito. Resolvi então viajar pelo país para acompanhar de perto atividades diversas”, conta. Como turista na Amazônia, descobriu que as crianças fabricavam seus próprios brinquedos e tinham uma forma diferente de brincar. “Foi aí que criamos o projeto Bira, para fazer um intercâmbio de repertório e aproximar realidades, sem perder a diversidade”, explica.

Durante seis meses, Renata e Reeks visitaram 13 comunidades ribeirinhas e três indígenas da região Amazônica. “Criamos um olhar apurado e reconhecemos nessas comunidades um potencial lúdico muito grande. Eles não compram brinquedos, mas têm uma infância extremamente divertida, cheia de atividades e brinquedos feitos por eles mesmo”, relata. A habilidade das crianças ao manipular facões, galhos e sementes chamou a atenção da professora. “Elas são muito independentes. Decidem o que querem como brinquedo e fazem. Saem em busca da matéria prima, esculpem e lixam com a língua do peixe pirarucu. Um trabalho artesanal, perfeito”, diz Renata.

Livre para brincar – O trabalho de Renata e Reeks é utilizado em oficinas e apresentações em escolas e instituições de ensino, para auxiliar no processo educativo por meio do brincar. “As brincadeiras trazem a essas crianças conotações de nomes, de conhecimento, da própria cultura. São ricas e essenciais para o desenvolvimento delas”, avalia. Renata afirma que é mais fácil ver jovens sem brinquedos na cidade de São Paulo do que nas comunidades visitadas na região Amazônica, uma vez que as crianças são ensinadas a providenciar sua diversão. “Dentro da comunidade essas atitudes são uma reprodução da realidade em que vivem, como fazer uma casa, como buscar madeira no meio da floresta. É a compreensão de si e do mundo”, considera.

Renata alerta que, se uma criança não brinca, se fecha aos processos exteriores e interiores. “Será uma pessoa com mais dificuldades na vida adulta. Ela não estará exercitando a compreensão do que acontece nela própria e ao seu redor, pois é no brincar que inicia a forma de conhecer”, afirma.

E para realizar esse processo não há necessidade de muitos recursos, acredita a mestre em educação. Pode ser até mesmo areia, água e terra, onde a crianças começam a conhecer a natureza. “Brincar é exercício espontâneo e livre da criança. É uma atividade divertida que, infelizmente, ainda não é bem aceita em alguns centros educacionais”, lamenta.

Renata aconselha que os adultos abram mais espaço para os jovens e os deixem mais livres para suas atividades, sem a direção específica do professor. “O educador seria um acompanhante no processo livre da criança. Mas é preciso que ele acredite nesse processo”, salienta.

De acordo com a professora, outros países “são mais tímidos” no quesito brincadeira e são poucos os que valorizam o lúdico na educação. Em suas viagens aos Estados Unidos, tem tentado fazer um intercâmbio com as crianças norte-americanas. Ela leva as brincadeiras e os vídeos feitos nas comunidades indígenas e ribeirinhas e aprende novas maneiras de brincar. “Por mais tecnológica que seja a educação, as crianças sempre buscam recursos culturais, se adaptam ao lugar onde estão”, conclui.

(Rafânia Almeida)

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