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Edição 30 - Acessibilidade e Inclusão
26/11/2009
 
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Ensinar alunos especiais é uma lição de vida

Alunos surdos com os professores intérpretes na Escola São José (AC).

Alunos surdos com os professores intérpretes na Escola São José (AC).

Autor: Arquivo da escola


Quando foi comunicada, no início de 2009, que teria quatro alunos surdos na mesma turma, a professora Ana Lima Cordeiro Gomes sentiu um impacto: “falei que ia embora da escola.” Ela não se sentia preparada para trabalhar com eles, pois nunca tinha feito curso de libras. Mas já na primeira semana de aulas, modificou sua opinião.

“Se tivesse abandonado meu trabalho, estaria arrependida. Tem sido uma lição de vida”, conta a professora de português da Escola São José, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, que tem 21 anos de experiência no magistério. Segundo ela, desde o início das aulas os estudantes surdos procuravam ensinar algumas coisas aos professores, de modo a facilitar a comunicação: “a gente colocava no papel o que queria dizer e eles traduziam para a linguagem de sinais.” Atualmente, a instituição dispõe de um intérprete, encarregado de passar o conteúdo dado na aula para a linguagem de sinais.

De acordo com Ana, os alunos surdos demonstram um interesse muito maior por aprender, do que os demais. “Eles têm esforço, dedicação, e vontade de participar. E o que falta na fala, sobra na percepção,” salienta. Para ela, nenhum aluno especial é problema. “Eles ajudam a contribuir”, destaca a professora, que também tem um cadeirante entre seus alunos, desde 2008. “Ela é ótima aluna,” garante.

Com 1.258 alunos de ensino fundamental, a Escola São José atende 13 alunos especiais: são nove surdos, dois cegos, um autista, e um cadeirante. “Temos alunos especiais há muitos anos. A aluna que utiliza cadeira de rodas está aqui desde o 1º ano e agora está terminando o fundamental”, explica a diretora da instituição, Sernizia Araújo Correia, que é pedagoga e trabalha há 16 anos. “Os alunos recebem bem os especiais. Eles cuidam e protegem. É muito boa a interação entre eles”, diz.

Capacitação – A Secretaria de Educação do Estado do Acre implantou um programa chamado Padrão Mínimo, que inclui ações para acessibilidade tais como construção de rampas, banheiros e alargamento de portas. Além disso, vem realizando ações de capacitação em parceria com as secretarias de educação dos 22 municípios acreanos, promovendo cursos tanto para professores da rede regular (a distância ou presencial) quanto para professores das salas de recursos. A capacitação é feita em dois pólos, que atendem todos os municípios. Um funciona na capital, Rio Branco, e o outro em Cruzeiro do Sul.

“Montamos cursos a partir das necessidades e demandas das escolas. Elas é que determinam o tipo de capacitação que precisam para o atendimento de suas necessidades,” esclarece a gerente de Educação Especial da Secretaria de Educação do Acre, Claudia de Paoli. Ela informa que maioria dos pedidos das escolas é relativo à avaliação e incluem questionamentos sobre como avaliar os alunos, quais os instrumentos que podem ser utilizados para registrar a evolução do aluno, e como transformar os relatórios em notas. A secretaria também promove oficinas de diferentes disciplinas. “O professor aprende a confeccionar material e vê que é possível e que, com vontade, consegue. Estão saindo trabalhos excelentes”, garante Claudia.

Entusiasmada, a italiana radicada no Acre relata que já fizeram capacitação em libras nas aldeias indígenas, mas ainda quer fazer mais pela educação especial, a exemplo do que é feito pelo programa Asinha da Floresta, que trabalha para beneficiar crianças da área rural. “Por que não utilizar um professor itinerante que vá de casa em casa e reúna crianças de moradias próximas?”

(Fátima Schenini)

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