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JORNAL
Edição 85 - Horta na Escola
13/03/2013
 
ou

José Silveira Filho: horta escolar estimula as crianças a comer melhor

As atividades nas hortas escolares podem começar já na educação infantil, diz o prof. José Silveira

As atividades nas hortas escolares podem começar já na educação infantil, diz o prof. José Silveira

Autor:Arquivo pessoal


Com graduação em engenharia agronômica e licenciatura em agronomia, José Silveira Filho tem mestrado em agronomia e doutorado em educação, todos cursados na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sua experiência profissional na área de ensino, pesquisa e extensão inclui temas relacionados a horta orgânica escolar, defensivos agrícolas naturais, biologia vegetal, fruticultura, educação tecnológica, experiências agroecológicas e mediação pedagógica nos cursos de graduação a distância da Universidade Aberta (UAB)/UFC Virtual.

Coordenador do projeto Hortas Escolares, desenvolvido em parceria entre a prefeitura de Fortaleza e a UFC, José Silveira Filho acredita que cultivar verduras e legumes na horta escolar estimula o estudante a se alimentar melhor. Ele explica aos leitores do Jornal do Professor, de forma detalhada, o que é necessário para fazer uma horta na escola e quais os legumes e as hortaliças que não podem faltar, indica as ferramentas necessárias e aponta os principais benefícios trazidos pela atividade.

Jornal do Professor – Qual é a importância de se criar uma horta na escola?

José Silveira Filho – A horta escolar é o espaço propício para que os estudantes aprendam os benefícios de formas de cultivo mais saudáveis. Além disso, aprendem a se alimentar melhor. Como se sabe, as crianças geralmente não gostam de verduras e legumes. O fato de cultivar o alimento as estimula a comê-los, especialmente quando conhecem a origem dos vegetais e sabem que são cultivados sem a adição de insumos químicos.

Especificamente com relação ao projeto Hortas Escolares de Fortaleza, por mim coordenado, pesquisa realizada em 2012, em 12 escolas municipais, mostra que 80% dos diretores consideram os resultados excelentes ou bons; 20%, como regulares. Entre os professores, 85% avaliaram o projeto como bom e excelente; 15%, como regular, ruim e desconhecido. Para 99% dos alunos, as atividades da horta foram positivas. A atividade que mais agradou foi o plantio, escolhida por 50%.

JP – Quais os principais benefícios que essa atividade pode proporcionar a alunos, professores e até mesmo à comunidade?

JSF – Melhorar a educação dos alunos, mediante aprendizagem ativa e integrada a plano de estudos de conhecimentos teóricos e práticos sobre diversos conteúdos, e proporcionar aos estudantes experiências de práticas ecológicas para a produção de alimentos. De tal forma, que possam transmiti-las a seus familiares e, consequentemente, aplicá-las em hortas caseiras ou comunitárias.

JP – Como devem ser realizadas as atividades na horta? E quais as principais?

JSF – As atividades da horta, como preparo do solo, plantio, formação de mudas, transplantio, tratos culturais, irrigação e colheita, compostagem e construção de minhocário, devem ser realizadas com a participação de todos os envolvidos no projeto. No caso do projeto Horta Escolar, participam professores e estudantes de agronomia da UFC, coordenadores, monitores e alunos das escolas beneficiárias do projeto.

Na escolha do local, a horta deve ficar o mais longe possível de áreas sombreadas por grandes árvores, muros e paredes. Deve ter proteção para evitar a entrada de animais. É fundamental que a horta fique próxima de um ou mais pontos de água. No preparo da área, é necessário limpar o terreno, retirar entulhos e pedras, capinar o mato e arrancar as raízes, marcar os canteiros com estacas de madeira e usar barbante bem esticado. Os canteiros devem ter um metro de largura e comprimento conforme o terreno. É preciso deixar corredores de 50 centímetros entre os canteiros e um metro de distância da cerca ou parede; cavar com o enxadão a área marcada dos canteiros, na profundidade de 20 centímetros, aproximadamente; desfazer os torrões com a enxada e retirar as pedras; levantar os canteiros; pôr 10 quilos ou 20 litros de esterco curtido ou composto orgânico por metro de canteiro e misturar com a enxada; nivelar com ancinho.

Após a escolha das hortaliças, tem início o plantio. Algumas devem ser plantadas em sementeiras (alface, pimentão e tomate) e depois transplantadas para o canteiro definitivo. Outras podem ser plantadas diretamente no canteiro definitivo (coentro, cebolinha, rúcula, cenoura, beterraba). É importante construir uma composteira de alvenaria com as dimensões de dois metros de comprimento por um de largura e um de altura e um minhocário de um metro de comprimento, por um de altura e um de largura.

JP – A partir de que idade deve ocorrer a participação dos alunos?

JSF – As atividades nas hortas das escolas podem começar já na educação infantil para que as crianças possam conhecer e aprender a cuidar de pequenos animais e vegetais — conteúdo essencial do aprendizado nessa fase. É possível promover a educação integral de crianças e jovens de escolas e de comunidades do entorno escolar por meio das hortas, com a incorporação de alimentação nutritiva, saudável e ambientalmente sustentável como eixo gerador da prática pedagógica.

JP – Que plantas não podem faltar em uma horta escolar?

JSF – As hortaliças indispensáveis são alface, coentro, cebolinha, berinjela, beterraba, cenoura, rúcula, pimentão e tomate.

JP – Quais as ferramentas mais necessárias?

JSF – Ancinho, carrinho de mão, colher de transplantio, enxada, enxadeco, marcador de sulcos, pulverizador, regadores, sacho, tesoura de poda, mangueira e bandeja para produção de mudas.

JP – Qual o primeiro passo para a criação de uma horta na escola?

JSF – Inicialmente, o núcleo gestor, ou professores, deve pedir a visita de um técnico da universidade ou da secretaria de Educação do município para analisar os aspectos técnicos da implantação da horta e avaliar se a instituição tem as condições ideais quanto a local, tipo de solo e disponibilidade de água.

JP – Qual é a importância da composteira e do minhocário para a obtenção de melhores resultados na horta? Como devem ser construídos? Quais os materiais necessários para isso?

JSF – A composteira e o minhocário são espaços relevantes no ambiente da horta escolar. A compostagem é um processo no qual os resíduos orgânicos são digeridos por bactérias, fungos e micro-organismos. Uma parte do composto produzido é usada diretamente na adubação dos canteiros com hortaliças. Outra porção vai para o minhocário. Ali se processa a minhocultura, atividade de grande apelo social, tanto no campo quanto na cidade, pela capacidade de processar resíduos orgânicos e transformá-los em produto de elevada qualidade para a fertilização de plantas, o popular húmus de minhoca. Esses espaços podem ser construídos em alvenaria nas dimensões acima citadas. A compostagem também é processada em espaço aberto.

No minhocário, pode ser adotado o método do caixão neozelandês, bastante usado como técnica alternativa. Trata-se de um engradado sem fundo e sem tampa, que pode conter o correspondente a um metro cúbico ou um quarto desse volume. Recipientes de plástico ou uma tela também podem ser usados.

No processo de compostagem são usados resíduos orgânicos de origem animal e vegetal (folhas, cascas de frutas etc.). No processamento da minhocultura, composto orgânico e minhocas. A espécie de minhoca mais conhecida no Brasil é a vermelha-da-califórnia.

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