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Edição 35 - Escolas Multisseriadas
01/03/2010
 
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Classes multisseriadas são adotadas em vários países

Classes multisseriadas permitem que alunos das áreas rurais tenham acesso à educação

Classes multisseriadas permitem que alunos das áreas rurais tenham acesso à educação

Autor: Arquivo do MEC


A presença de escolas que se organizam em turmas multisseriadas, com alunos de diferentes séries e níveis em uma mesma sala de aula, não ocorre apenas no Brasil. É uma solução adotada em diferentes países para permitir que a população das áreas rurais tenha acesso à educação, já que a baixa densidade demográfica nessas áreas e o consequente baixo número de alunos inviabiliza a criação de turmas voltadas ao atendimento de séries ou anos específicos.

Estudos realizados pelo professor Márcio Azevedo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), em seus estudos de doutoramento em educação, identificam essa modalidade de organização de turmas em escolas da Grécia, Suíça, Paquistão, Colômbia, entre outros países. “Na Universidade de Londres existe um grupo de pesquisa que se ocupa exclusivamente dessas escolas, desenvolvendo propostas pedagógicas que atendam às suas especificidades”, salienta.

Sua pesquisa no doutorado mostra que as turmas multisseriadas vêm sendo utilizadas desde o século XIX. “Era um meio de se oferecer educação aos estudantes que moravam em pequenos vilarejos europeus,” destaca. Segundo Márcio Azevedo, que atua na área da educação há 17 anos, as primeiras evidências de escolas brasileiras com essa organização são do período imperial. “A Instrução Elementar orientava que as escolas aplicassem o método mútuo ou ensino por meio da monitoria, cujo modelo foi exportado da Inglaterra”, explica.

Para ele, a problemática da educação do campo não é a forma de organização das escolas, mas as condições em que elas se estruturam e funcionam e as condições do trabalho docente, entre outros fatores que interferem nos processos de gestão e de ensino-aprendizagem. “Evidentemente que as práticas pedagógicas numa turma multisseriada não podem ser concebidas, planejadas, executadas e avaliadas da mesma forma como se faz numa sala seriada, mas é isso que ainda ocorre, na maioria das vezes”, acredita o professor. Em sua opinião, isso gera sobrecarga no trabalho docente e no processo de ensino-aprendizagem.

Márcio Azevedo conta que vivenciou inúmeras angústias como gestor, na época em que dirigia um centro de ensino rural no interior do Rio Grande do Norte, que reunia 19 escolas com turmas exclusivamente multisseriadas. “Ao lado dos professores, padecemos, literalmente, de dificuldades, como a de planejar, executar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem em turmas multisseriadas, visto a falta de uma orientação metodológica específica”, relembra. Essa experiência o motivou a desenvolver uma pesquisa, no doutorado, sobre o programa Escola Ativa, do MEC, a fim de avaliar a implementação do programa no município de Jardim do Seridó (RN). “No mestrado, estudei uma realidade em que essas escolas não dispunham de orientações dessa natureza. Para fazer o contraponto, resolvi estudar o Escola Ativa”, esclarece.

Em sua opinião, o Escola Ativa oferece uma metodologia específica às escolas com turmas multisseriadas e contribui para o desenvolvimento de práticas educativas específicas em um ambiente pedagógico marcado pela diversidade. Além disso, destaca, o programa também pode colaborar para que os moradores de uma localidade estudem no próprio território a que pertencem, sem a necessidade de se deslocarem para estudar.

(Fátima Schenini)

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