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Edição 45 - Educação Étnico-racial
20/10/2010
 
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Escola busca resgatar e valorizar cultura da comunidade

Escola de Novo Hamburgo criou um musical de Natal para representar a diversidade étnica do planeta.

Escola de Novo Hamburgo criou um musical de Natal para representar a diversidade étnica do planeta.

Autor: Arquivo da escola


Resgatar a cultura local para construir a identidade da comunidade onde está inserida é um dos objetivos da proposta pedagógica adotada pela Escola Municipal Marina Garbarino, de Novo Hamburgo (RS). Há três anos, a instituição de ensino fundamental desenvolve práticas pedagógicas que buscam o resgate da identidade cultural do bairro Santo Afonso, onde está situada, integrado por pessoas de diferentes regiões do estado, do Brasil e até de outros países.

“Realizamos pesquisas com as famílias para conhecermos suas origens étnico-histórico-culturais, no intuito de contemplarmos o estudo e aprofundamento sobre todas as origens”, relata a coordenadora pedagógica da escola, Thaís Hoffmann dos Reis, há 11 anos no magistério. Segundo ela, procuraram reconhecer e valorizar cada uma, sem privilegiar nenhuma em especial. Entre os alunos da escola são encontrados afrodescendentes, indígenas, ciganos, e europeus (portugueses, alemães, italianos).

De acordo com Thaís, as atividades articuladoras desse trabalho na escola são as aulas de artes e o projeto CineArte, conduzidos pela professora Cláudia Beatriz Scholl Matter. “É nas aulas de artes que esta proposta de resgate cultural realmente emerge”, salienta a coordenadora pedagógica, pedagoga com especialização em administração, supervisão e orientação escolar e mestrado em linguística aplicada. Ela conta que os alunos já produziram três filmes contando a trajetória migratória e imigratória da população do bairro.

Em 2009, a instituição resolveu realizar um musical de Natal que representasse a diversidade étnica de todo o planeta. “Isto significava ir além das etnias que se entrelaçavam na nossa comunidade”, destaca Thaís. Fizeram um levantamento das etnias e religiões existentes na comunidade e, a partir dos dados obtidos, foi feito um estudo detalhado, dividido entre as turmas.

O musical, encenado por 170 alunos e professores, recontava a história cristã do nascimento do Jesus, com o nascimento de um menino para cada um dos continentes. Além da diversidade étnica, o musical abordava também a diversidade de religiões. “Resolvemos que seria importante apresentar questões relacionadas às religiões afro-brasileiras”, destaca Thaís. O cenário e os figurinos do espetáculo foram feitos pelos próprios alunos a partir de material de reciclagem trazido por eles e pelos professores. O material não utilizado foi revendido para usinas de reciclagem do bairro e o dinheiro arrecadado foi usado para o pagamento dos ônibus que conduziram os estudantes, suas famílias e amigos para o Centro de Cultura do município, onde foi realizada a apresentação do musical.

Ela diz que a escola tem procurado desenvolver o estudo e a pesquisa das questões étnico-raciais em todas as áreas, mas acredita que ainda precisam evoluir mais nessa jornada pedagógica. “Temos percebido que gradativamente mais e mais os professores estão se envolvendo na proposta de resgatar a identidade cultural da nossa comunidade”, assinala.

Este ano, a Marina Garbarino está trabalhando com o resgate das narrativas orais sobre a cultura e costumes de cada povo. Também estão trabalhando com a literatura de cordel produzida pelos alunos e estudando sobre os povos indígenas e africanos. Thaís explica que a escola vem incorporando no seu currículo o estudo das várias etnias, pois não quer contribuir para a construção de uma sociedade que torna seus sujeitos invisíveis.

Ela acredita que as escolas, de maneira geral, durante muito tempo trabalharam com a ideia de que apenas alguns povos tinham sido importantes na construção histórica, cultural e social brasileira. Apenas os povos de origem europeia eram citados como aqueles que desbravaram nossas terras, mas sabemos que outros, não menos importantes, foram e são sujeitos da nossa história, da nossa cultura, das nossas raízes”, defende. Em sua opinião, as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 vieram para afirmar que está mais do que na hora da escola assumir seu compromisso na formação dos jovens, desmistificando e rompendo com preconceitos e dogmas.

(Fátima Schenini)

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