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Edição 120 - Prêmio Professores do Brasil-2015
09/12/2015
 
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Projeto resgata identidade de moradores do sertão baiano

Professor Ronaldo buscou fortalecer a identidade cultural dos moradores de Guariba

Professor Ronaldo buscou fortalecer a identidade cultural dos moradores de Guariba

Autor: Mariana Farias Leal-ACS/MEC


Professor de história na Escola Municipal Leôncio Horácio de Almeida, no povoado de Guaribas, área rural do município baiano de Anguera, Ronaldo de Almeida Macedo desenvolveu trabalho voltado para o fortalecimento da identidade cultural dos estudantes e demais moradores da região.

Com cerca de 800 habitantes, que se dedicam principalmente ao plantio de lavouras como milho, feijão e mandioca, Guariba não oferece muitas oportunidades aos habitantes. Por essa razão, muitos deles migram para grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida.

Segundo Ronaldo, também morador daquela comunidade, era comum ouvir, dos que se foram, que Guaribas não é lugar bom para se viver e que viver da agricultura é “coisa de roceiro”.

Ao pensar o que poderia ser feito para mudar essa forma de pensar, o professor resolveu criar o projeto Minhas Raízes para Nunca mais Esquecer. Com ele, desenvolveu ações para favorecer o reconhecimento da cultura local. Em conversa com colegas de outras disciplinas, também moradores da comunidade, as ideias surgiram. Após decidirem que o projeto seria interdisciplinar, com a participação de professores de matemática, língua portuguesa, artes, inglês, espanhol, história e identidade e cultura, deram início aos trabalhos, em março de 2014.

Apesar de dar aulas a turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental, Ronaldo desenvolveu o projeto com duas turmas do sétimo ano, vespertino. Os alunos seriam os multiplicadores em outras turmas e na comunidade. “Eles abraçaram a causa e colocaram mãos à obra”, diz o professor.

Origens — O projeto incluiu aspectos relacionados à origem da comunidade, com suas danças, crenças religiosas, comidas, festas populares, agricultura e brincadeiras, entre outros. Os estudantes fizeram muitas entrevistas com moradores do povoado. Dona Honória, de 90 anos, foi uma das pessoas ouvidas. Os estudantes, com auxílio dos telefones celulares, gravaram as respostas sobre as origens e a formação da localidade. Depois, produziram um documentário, apresentado a outras turmas da escola. “Foi fantástico, surpreendente”, lembra Ronaldo.

Os estudantes também gravaram um depoimento com a última parteira da comunidade, Deusdete de Almeida Santos, de 76 anos, conhecida por Dindinha ou Mãe Deusa. Com apoio da professora de língua portuguesa, Marinalda Freitas, as informações coletadas em áudio e vídeo foram transcritas em forma de texto.

Antigas brincadeiras como Olha a cobra, olha a jiboia, Chicotinho pam, pam e Viuvinha, bem como os alimentos consumidos pelos primeiros moradores, foram outros itens resgatados pelos estudantes.

Identidade — De acordo com Ronaldo, embora Guaribas seja uma comunidade de predominância negra, mais de 90% dos 224 alunos da escola não se identificavam como tal no início do projeto. Após esse diagnóstico inicial, os professores pediram a uma professora do vizinho município de Feira de Santana, com mestrado em história, que ministrasse seminário na escola. Ela tratou de temas relacionados à cor da pele, cabelos e tradições da cultura negra, quando enfatizou a questão da identidade negra.

Após nova pesquisa entre os estudantes verificou-se uma mudança: 23% se declararam pardos; 47%, morenos; 22%, pretos; 4%, indígenas; 2%, brancos e outros 2%, amarelos. “Mesmo sabendo que os 47% que se declararam morenos e os 23% que se declararam pardos estão dentro dos 22% que se declararam pretos, acreditamos que houve resultados significativos em relação ao início do projeto, quando a negação em relação à etnia foi alarmante”, salienta Ronaldo.

O projeto do professor baiano foi um dos ganhadores da nona edição do Prêmio Professores do Brasil, na categoria sexto ao nono ano – anos finais do ensino fundamental. Com o dinheiro do prêmio, ele pretende fazer cursos de especialização em história da África. (Fátima Schenini)

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