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Edição 26 - Acordo Ortográfico
14/09/2009
 
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Presidente da Abrafil: implantação do Acordo Ortográfico é necessária

Antônio Martins de Araújo é presidente da Academia Brasileira de Filologia.

Antônio Martins de Araújo é presidente da Academia Brasileira de Filologia.

Autor: Marlon Falcão


O presidente da Academia Brasileira de Filologia (Abrafil), Antônio Martins de Araújo, é doutor em letras vernáculas e graduado em letras neolatinas e em ciências jurídicas. Com atuação no magistério há cerca de 60 anos, atualmente dá aulas de teoria literária na Universidade Federal do Acre, em Rio Branco, para um grupo de cinquenta professores, dando início a um projeto de pesquisa sobre literatura amazônica.

Na década de 1960, foi um dos pioneiros das aulas de português para o extinto exame do então chamado Artigo 99, na TV Continental e na TV Tupi, ambas do Rio de Janeiro (RJ). As aulas eram retransmitidas em cerca de 45 cidades brasileiras. É professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em entrevista ao Jornal do Professor, Antônio Martins de Araújo diz que a implantação do novo Acordo Ortográfico é necessária.

Jornal do Professor – O senhor considera positiva a implantação do novo Acordo Ortográfico?

Antônio Martins de Araújo – Mais do que possível, necessária. Na era da troca de informações em tempo real via computador, é contraproducente o acúmulo de sinais diacríticos a serem digitados pelos que utilizam esse potente veículo de comunicação instantânea.

JP – Quais as principais vantagens e desvantagens trazidas por ele?

AMA – Em todas as tentativas de simplificação ortográfica do século passado, a grita sempre foi "ampla, geral e irrestrita." É perfeitamente comprensível que todas as pessoas que, como eu, maiores de sessenta anos, tiveram de reajustar sua ortografia, tiveram de despender algum esforço para se atualizarem, reclamam de mais uma "maçada" (esse é o termo por elas empregado).

JP – Ainda há possibilidade de serem introduzidas adaptações ou reformulações nesse Acordo?

AMA – Sem dúvida alguma. Muito acertadamente, os celebrantes do Acordo concederam dois anos para o recebimento dessas sugestões de correções de rota, e elas, segundo sei de fonte fidedigna, têm sido

razoavelmente numerosas. O espantalho do uso do hífen, por exemplo, continua a ser "uma pedra no meio do caminho" das autoridades encarregadas de disciplinar o assunto, tanto do lado de cá, como do lado de lá do Atlântico.

JP – O senhor tem alguma recomendação ou sugestão para os professores que ainda tenham quaisquer dúvidas sobre o assunto?

AMA – Além de haver uma equipe de atendentes desses casos na própria Academia Brasileira de Letras, já existe uma razoável bibliografia que explica didaticamente o assunto, entre as quais saliento os manuais de Cláudio Cezar Henriques, José Pereira da Silva, Manuel Pinto Ribeiro. De fora dela, há ainda dois bem cuidados manuais, um da autoria de José Carlos Azeredo e um coletivo, editado pela Contexto (SP), com nomes importante na área filológica, como os do alemão Rolf Kemmler, hoje nas universidades portuguesas Trás-os-Montes e Alto-Douro; de brasileiros como o de Ricardo Stavola Cavaliere e Leonor Lopes Fávero; e de portugueses como Maria Filomena Gonçalves.

JP – A Abrafil prevê a realização de atividades como palestras ou cursos no sentido de esclarecer dúvidas sobre o assunto?

AMA – A Abrafil, além de contar com os especialistas supracitados, tem entre seus membros a figura carismática do principal autor do mais importante dicionário de toda a lusofonia, o lexicógrafo Mauro de Salles Villar. Com tantos e tão competentes ortógrafos em nossa Academia (além de importantes gramáticos, como Evanildo Bechara), é justa, oportuna e necessária a realização de cursos, de divulgação da nova ortografia a todas as pessoas interessadas no assunto.

JP – Baseado em sua experiência de cerca de 60 anos de magistério, o senhor teria alguma sugestão para os professores de língua portuguesa que queiram estimular a aprendizagem e o interesse de seus alunos?

AMA – Sim. O que posso dizer-lhes, a título de conselho, é que procurem adquirir os manuais sobre ortografia acima citados por mim, tirar deles tudo o que acharem interessante para suas aulas, e - eles mesmos - recomendarem sempre a seus alunos lerem, lerem, e lerem sempre, bons e adequados livros para suas faixas etárias. Assim apetrechados, ser-lhes-á mais fácil crescerem intelectualmente e vencerem os obstáculos que tiverem de enfrentar pela vida afora.

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