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JORNAL
Edição 69 - Geografia Criativa
27/03/2012
 
ou

Nestor André Kaercher (UFRGS): Fundamental é ter profundo respeito e curiosidade pelos alunos

Professor deve fazer perguntas interessantes ao aluno

Professor deve fazer perguntas interessantes ao aluno

Autor:Arquivo pessoal


O professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Nestor, André André Kaercher, mantém contato direto, em suas aulas, com futuros professores de geografia. Com licenciatura em geografia, mestrado em educação e doutorado em geografia humana, ele leciona, entre outras, as disciplinas de prática de ensino em geografia voltadas ao ensino fundamental e ao ensino médio. Também atua na área de estágio de docência em geografia, tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio.

Sua experiência profissional inclui o ensino de geografia para alunos da educação básica, tanto no ensino regular como no supletivo (Educação de Jovens e Adultos) e a participação em cursos nas áreas de extensão e de pós-graduação.

Em entrevista ao Jornal do Professor, Kaercher diz que a paixão pela docência e o respeito e a curiosidade pelos alunos são qualidades fundamentais de um bom professor. Para ele, o mestre deve manter um diálogo interessado com os estudantes, ouvindo o que eles têm a dizer e fazendo perguntas que despertem seu interesse.

Jornal do Professor – Quais as qualidades necessárias a um bom professor de geografia?

Nestor André Kaercher – Creio que, no geral, são as mesmas dos outros professores: curiosidade, interesse pela disciplina, uma boa dose de paixão e idealismo, pois isso te leva a estudar, a buscar melhorias na tua docência, enfim, mantém tua vivacidade na profissão. Fundamental é ter profundo respeito e curiosidade por teus alunos, gostar e querer ouvi-los, fazê-los, de fato, partícipes da tua aula. O diálogo interessado, com boas perguntas norteadoras pode levar a gente a explorar melhor o potencial deles, que sempre é surpreendente. Claro, poderia listar outras coisas, mais técnicas como planejar a aula, trazer materiais diversificados, etc, mas no fundo, se tu não tiveres paixão pela docência, e, por que não, pelos alunos, só o conhecimento técnico não vai te levar muito longe.

JP – Quais os recursos e ferramentas mais importantes para uma boa aula de geografia?

NAK – Quanto mais recursos, melhor. Complementam, facilitam a vida do professor. Mas, se o professor não tiver boa formação e alguma paixão, não adianta só o recurso material. A aula tende a ser burocrática.

JP – Na sua opinião, atlas e mapas impressos ainda são válidos nesses tempos de internet e conteúdos digitais?

NAK – A internet ajuda, mas ainda não está tão disseminada, vai crescer sempre (ainda bem), mas livro, papel, escrita, reflexão séria (não sisuda), isso é fundamental numa escola, e, por que não, nas nossas casas. A internet é meio, não é fim. Com isso quero dizer: sejam bem vindos computadores e outras novidades midiáticas na escola. Claro. Mas se não tivermos bons professores, com boa formação, motivados (e bem tratados, claro), o computador fica subutilizado. Nunca, mesmo na educação a distância, os professores serão secundários. Um bom professor faz muita (e boa) diferença na educação das pessoas.

JP – O senhor acredita que é importante que os professores de geografia participem de cursos de formação continuada, levando em conta, principalmente, as mudanças tecnológicas que estão ocorrendo?

NAK – Acho que a resposta acima já contempla o que se pergunta. Estudar, ler, trocar ideias em fóruns, encontros, cursos sempre é uma oportunidade de aprimorar conhecimento, e, por que não, reencontrar os pares, pegar deles ideias e energias para mantermos viva a chama, a paixão pela docência e pelos discentes.

JP – Os professores de geografia saem bem preparados das instituições de nível superior? Por quê? (Em caso negativo, o que seria necessário para isso)

NAK – A resposta é Sim e Não. Sabemos das muitas lacunas em nossa formação. Poderíamos listar muitos erros que nós, formadores de professores cometemos na universidade, mas sejamos propositivos e otimistas: a universidade é local para percebermos a fragilidade de nossa formação, a necessidade de uma constante aprendizagem, além de nos fornecer pistas e contatos para continuarmos a buscar sanar estas lacunas. A universidade nunca vai te dar tudo (não existe o 'tudo', o bom professor 'já formado'), mas pode te dar pistas para buscares pontos de partida pra seguir em frente. O que seria necessário? Muita coisa, mas também isso é um processo que não finda. Sempre estaremos necessitando reinventar nossa prática, refletir sobre o que se faz, mas, claro está, não basta conhecimento técnico ou equipamentos.

JP – É importante que o professor de geografia leve seus alunos para visitas in loco e incentive pesquisa de campo? De que forma?

NAK – Claro. Tudo que se puder oferecer ao aluno é ponto positivo. Conhecer in loco os locais é fundamental, mas isso também requer uma preparação (e recursos) que, normalmente, os docentes não têm. Mas, como negar a belezura e o poder de imaginação e “perguntação” de uma saída pra fora da escola, quando o professor sabe estimular o olhar e a interpretação da meninada?

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