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Edição 9 - Educação no Campo
18/11/2008
 
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Professores do campo têm formação específica

Autor: Wanderley Pessoa


“A saudade dói, mas temos que nos arriscar para poder garantir um futuro melhor para a gente e para a nossa comunidade”, diz Lucimário do Carmo de Paula, de Formosa, Goiás. Ele é um dos 55 alunos do curso de licenciatura em educação do campo, que teve início na última semana de outubro, no campus de Planaltina da Universidade de Brasília (UnB), no Distrito Federal. Casado, 30 anos, com dois filhos, Lucimário acredita que não será fácil ficar longe da família, mas o sacrifício vai valer a pena. “É difícil ter uma oportunidade igual a essa”, salienta.

O curso, com duração de quatro anos (3.525 horas/aula), adota a estratégia de tempo-escola e tempo-comunidade: os alunos passam cerca de 60 dias na instituição, em regime de internato, com oito horas diárias de atividade, e 120 dias na comunidade onde vivem. No período de aulas, os estudantes ficam hospedados na Escola Técnica de Planaltina. “Dessa forma, queremos garantir que o acesso ao ensino superior não seja condição que obrigue os estudantes a deixar de viver e morar no campo”, explica a coordenadora dessa licenciatura na UnB, professora Mônica Castagna Molina.

Os estudantes são oriundos da área rural, têm vínculo com a área e querem atuar no campo. "Essa licenciatura é parte da estratégia do governo federal de criar táticas para possibilitar a expansão da oferta da educação básica no campo, formando mais educadores e garantindo que estes tenham a titulação exigida pela legislação educacional brasileira", salienta Mônica.

Os integrantes dessa turma são de vinte comunidades rurais, das localidades de Gama, Planaltina, Recanto das Emas, e São Sebastião (DF), Cavalcante, Formosa e Planaltina (GO), Barra dos Bugres e Tangará da Serra (MT) e Anastácia, Angélica, e Ponta Porá (MS).

O curso vai formar educadores para trabalhar nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. O diferencial é a formação para a docência multidisciplinar. O diplomado será habilitado para atuar como professor em uma das grandes áreas do conhecimento (Artes, Literatura e Linguagens e Ciências da Natureza), de forma que possa lecionar em mais de uma disciplina da área que escolher.

Oportunidade – Para Luernandi Alves de Miranda, 21 anos, de Barra dos Bugres, no Mato Grosso, “fazer esse curso é uma maneira de ajudar a desenvolver projetos dentro da comunidade onde reside”. Morador em um sítio, junto com os pais e cinco irmãos, onde cultivam bananas, foi o único da família que teve oportunidade de fazer um curso superior. “Meus pais acharam muito bom eu poder participar,” destaca o jovem.

A expectativa de Rosana da Silva Moreira, 23 anos, casada, com uma filha e grávida de outra, é poder atuar como professora depois de formada e, dessa forma, poder levar um ensino melhor para quem mora no campo. “Meu marido não gostou muito da idéia de eu ficar tanto tempo fora de casa, mas ele acaba se acostumando”, aposta Rosana, que é moradora do assentamento Antônio Conselheiro, há cerca de 60 Km do município de Barra dos Bugres.

“A zona rural precisa de professores que gostem de estar lá e que abracem mesmo esta causa”, destaca Núria Renata Alves Nascimento, 27 anos, solteira, moradora da comunidade calunga de Engenho II, em Cavalcante, Goiás. Professora concursada do Estado, em caráter temporário, ela dá aulas na comunidade desde 2004. Está participando do curso porque quer melhorias. “Adoro dar aulas. É a minha paixão”.

A licenciatura em educação no campo da UnB é um projeto do Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (Secad/MEC). Além da UnB, outras instituições participam do Procampo: Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal de Sergipe.

(Fátima Schenini)

 

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