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Edição 14 - Filosofia na Escola
14/02/2009
 
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Teorias se aplicam ao cotidiano dos alunos

Autor: Arquivo pessoal


No livro O que é a filosofia?, Gilles Deleuze e Félix Guattari sustentam a seguinte definição para filosofia: atividade que consiste na criação de conceitos. Entretanto, como os professores podem trabalhar essa disciplina com os alunos do ensino médio? Denunciada pelo próprio Friederich Nietzche, no ensaio Schopenhauer como Educador, escrito em 1874, a educação filosófica realizada de forma “enciclopédica” pode levar ao desprezo pela disciplina. A saída, segundo professores, é partir para um ensino mais dinâmico que traga os conceitos filosóficos para o cotidiano dos alunos.

Para o professor de filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Silvio Gallo, o ensino de filosofia não deve se limitar à transmissão dos conhecimentos filosóficos produzidos ao longo dos séculos. “Isto acrescentaria muito pouco à formação de nossos jovens. É preciso tomar a filosofia como um exercício de pensamento que é estimulado a partir de problemas”, defende.

Ele sugere quatro passos didáticos para facilitar o processo de ensino e aprendizagem da disciplina. Primeiro, é necessário sensibilizar os alunos em relação ao tema escolhido. Em seguida, inicia-se a fase da problematização, na qual o professor estimula o questionamento em cima do assunto em debate. O terceiro passo consiste na pesquisa de conceitos criados por diferentes filósofos para enfrentar aquele problema. Ao final, o estudante deve se sentir livre para recriar um conceito ou criar um novo.

Segundo Gallo, adotando esses passos, as aulas expositivas se tornam apenas uma parte do processo. Os estudantes são chamados a participar ativamente da aula. “A exposição do professor será sempre importante, mas ela será um momento, uma complementação a um processo muito mais amplo, em que o estudante desempenha um papel ativo”, ressalta.

No Ginásio Pernambucano de Recife, colégio com mais de 182 anos, a metodologia escolhida foi justamente a temática. Professor de história, Adriano de Araújo Santos, 28, foi convidado a dar aulas de filosofia em 2006. Com o desafio de mostrar a importância da disciplina, o professor enfrentou uma turma de 50 alunos empolgado. Para despertar o interesse dos estudantes pelo assunto, buscou jornais, revistas, livros e músicas. “Procurei trazer fatos do cotidiano deles para buscar um tema já estudado pelos grandes filósofos”, afirma.

No início, com pouco domínio sobre o assunto, o professor sacrificou até o fim de semana para planejar suas aulas. “Mergulhei de cabeça na filosofia. Como são muitos conceitos e teorias, até hoje separo as manhãs de sábado para pesquisar os assuntos que vou trabalhar com os alunos durante a semana ”, acrescenta. Dedicado, ele já fez inclusive uma especialização em filosofia oferecida pela secretaria de educação estadual.

De acordo com Araújo, um dos temas que mais atrai a atenção dos alunos nos debates é “trabalho”. “Por que trabalhamos? Pelo dinheiro ou pela realização pessoal?“, exemplifica, ao ressaltar que procura evitar trazer respostas prontas nas discussões. Outros temas muito abordados são política, ética, arte, beleza e moral.

(Renata Chamarelli)

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