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Projeto iniciação científica – Uma lupa na língua – Aspectos linguísticos na construção do gênero discursivo artigo de opinião

 

03/07/2012

Autor e Coautor(es)
LAZUITA GORETTI DE OLIVEIRA
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Identificar as características do gênero artigo de opinião.
  • Verificar, por meio de análise de textos, a função dos operadores argumentativos, na construção do gênero artigo de opinião.
  • Analisar e produzir um artigo de opinião, considerando as características do gênero e as condições de produção.
Duração das atividades
08 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Em um artigo de opinião, o autor apresenta aos leitores uma questão polêmica e procura convencê-los de sua opinião, utilizando para isso estratégias variadas. Para a realização desta proposta, os alunos precisam conhecer previamente a estrutura do texto dissertativo, bem como determinadas categorias gramaticais que funcionam como operadores argumentativos, tais como as conjunções coordenativas.

Estratégias e recursos da aula
  • utilização do laptop UCA;
  • utilização de vídeos do Youtube;
  • atividades realizadas em grupo de alunos;
  • utilização de textos, imagens e vídeos veiculados na internet.

Projeto Iniciação Científica -  Uma Lupa na Língua

lupa 

 Disponível em: http://www.trabalhismoemdebate.com.br/2012/04/a-justica-do-trabalho-precisa-atender-mais-a-finalidade-do-processo/

Subprojeto: gêneros discursivos

Tema: Artigo de Opinião 

Sobre a proposta:

opinião 

 

OBS.: As aulas poderão ser desenvolvidas com a utilização de notes, netbooks ou tablets.

Disponível em: http://gizelda-linguaportuguesa.blogspot.com.br/2010/10/vamos-criar-um-texto-de-opiniao.html

O artigo de opinião, focalizado nesta proposta, pertence à esfera jornalística. Geralmente, por meio desse gênero, o autor busca convencer e influenciar o leitor, acerca de uma ideia, provocando uma revisão de seu posicionamento ideológico e de  seus valores. Dessa forma, ocorre um processo de argumentação em favor de uma determinada posição, ao mesmo tempo em que se procura refutar opiniões contrárias à tese defendida.  Além de apresentar argumentos capazes de sustentar sua tese, o autor costuma servir-se de mecanismos linguísticos capazes de indicar a orientação argumentativa e, desse modo, encaminhar o planejamento discursivo. Para isso, utilizam-se os operadores argumentativos que têm por função indicar a força argumentativa dos enunciados e a direção para a qual apontam, ou seja, os operadores argumentativos direcionam o leitor  para que percorra o caminho proposto pelo  autor. Portanto, o estudo sobre os operadores argumentativos favorece ao aluno o reconhecimento das manobras discursivas realizadas pelo emissor.

Primeiro Passo: Apresentação do tema aos alunos

Para apresentar o tema aos alunos, visando motivá-los para a realização das atividades propostas, o professor solicita a eles que acessem a página: http://www.youtube.com/watch?v=0ovqveCQliM

para ouvirem a canção, “Que país é este?”, de Renato Russo.

renatorusso

Imagem disponível em: http://blogdatvuerj.blogspot.com.br/2012/03/renato-russo-o-aniversario-do-icone.html

  • Professor, apresente informações aos alunos sobre o autor.

Há 52 anos nascia, no Rio de Janeiro, um dos maiores nomes da música brasileira: Renato Manfredini Junior - Renato Russo.  Autor de inúmeros sucessos como “Pais e Filhos”, “Mais Uma Vez” e “Tempo Perdido”, o carioca nasceu em 1960, mas se mudou ainda criança para Brasília, capital do rock no Brasil, onde mais tarde seria considerado o “irmão mais velho da geração Coca-cola”, que também contava com a influência dos músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá.

[...]

Disponível em: http://blogdatvuerj.blogspot.com.br/2012/03/renato-russo-o-aniversario-do-icone.html - Acesso em maio  de 2012

Que país é este?

Renato Russo

Nas favelas e no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita
A constituição
Mas todos acreditam
No futuro da nação...

Que país é este?(3x)
 

Na Amazônia
E no Araguaia ia, ia
Na baixada fluminense
No Mato grosso
E nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão...

Que país é este?(3x)
 

Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendemos todas as almas
Dos nossos índios um leilão...

Que país é este?(3x)
 

Disponível em: http://letras.terra.com.br/renato-russo/1175645/

Professor, antes de conversar com os alunos sobre  a canção, fale com eles a respeito de Renato Russo - vocalista e letrista da banda Legião Urbana -,  considerado o principal compositor do rock nacional dos anos 1980, ao lado de Cazuza. Como compositor, criou várias canções em que questiona o Brasil e os brasileiros. Uma de suas canções mais famosas é “Que país é este”, composta em 1978, quando ele pertencia à banda punk Aborto Elétrico, em Brasília. Renato Russo afirmou que não pretendia gravá-la, porque tinha esperança de que o Brasil melhorasse e que a canção se desatualizasse, perdendo sua razão de ser. Entretanto, ele a gravou e a  canção nos soa mais atual do que nunca.

Disponível em: http://www.brasa.org/_sitemason/files/gK7OI8/Marli%20Rosa.pdf

Após ouvirem a canção, converse com os alunos, perguntando a eles:

a. Qual é o tema tratado na canção?  Pode ser considerado um tema polêmico? Por quê?

a. Na canção, o autor parte de Brasília para compor um cenário nacional em que falta a ética, onde a corrupção  e a violência imperam. Justifique essa afirmação com passagens do texto.

b. Na segunda estrofe, o autor refere-se  a diversas regiões violentas do Brasil. Que regiões são essas?

c.  Pode-se perceber que há ironia  no sentido e na ênfase vocal que Renato Russo dá à expressão “tudo em paz” ? Explique.

d. Resuma  o ponto de vista sobre a corrupção no Brasil, apresentado na canção.

e. O que você pensa sobre a corrupção no Brasil?

f. Você tem facilidade para expor suas opiniões? É fácil defender nossas ideias com palavras? É importante respeitar a opinião alheia, mesmo que essa opinião seja diferente da nossa?

g. Em nosso cotidiano, são muitas as formas de expressar nossa opinião, diante de acontecimentos, atitudes ou ideias polêmicas. Mas há situações em que expressar  uma opinião exige uma elaboração mais cuidadosa. E o caso do artigo de opinião.

 O que você sabe a respeito desse gênero? Geralmente, onde ele é veiculado?

Professor, aproveite esse momento  para direcionar o olhar dos  alunos para  o gênero a ser trabalhado – artigo de opinião. Esclareça a eles que, quando alguém deseja expor seu modo de pensar por meio de um veículo de comunicação, é fundamental que se expresse de maneira clara, relacionando argumentos que sustentem o ponto de vista defendido.

Segundo Passo – Delimitação e problematização do tema

Professor, após conversar com os alunos sobre o gênero artigo de opinião, a partir da canção de Renato Russo, apresente a eles, em datashow, o artigo “Ambição e ética” de Stphen Kanitz, publicado na página: http://www.kanitz.com/veja/ambicao_e_etica.asp 

Cada aluno poderá acessar o texto em seu note, nets ou tablets.

 

Ambição e ética

Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida. São seus objetivos, seus sonhos, suas resoluções para o novo milênio. As pessoas costumam ter como ambição ganhar muito dinheiro, casar com uma moça ou um moço bonito ou viajar pelo mundo afora. A mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro, porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como viajar pelo mundo. No fim da viagem você estará de volta à estaca zero quanto ao dinheiro, mas terá cumprido sua ambição.

As pessoas mais infelizes que eu conheço são as mais ricas. Quanto mais rico, mais infeliz. Nunca me esqueço de um comentário de uma copeira, na casa de um empresário arquimilionário, que cochichava para a cozinheira: "Todas as festas de rico são tão chatas como esta?" "Sim, todas, sem exceção", foi a resposta da cozinheira.

De fato, ninguém estava cantando em volta de um violão. Os homens estavam em pé numa roda falando de dinheiro, e as mulheres numa outra roda conversavam sobre não sei o que, porque eu sempre fico preso na roda dos homens falando de dinheiro.

Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, muito menos em ter "grandes" ambições. As pessoas mais ambiciosas que conheço não são os pontocom que querem fazer um IPO (sigla de oferta pública inicial de ações) em Nova York. São os líderes de entidades beneficentes do Brasil, que querem "acabar com a pobreza do mundo" ou "eliminar a corrupção do Brasil". Esses, sim, são projetos ambiciosos.

Já ética são os limites que você se impõe na busca de sua ambição. É tudo que você não quer fazer na luta para conseguir realizar seus objetivos. Como não roubar, mentir ou pisar nos outros para atingir sua ambição. A maioria dos pais se preocupa bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética. Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano, o objetivo maior.

Algumas escolas estão ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Não conheço ninguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado do colega. "Ajudar" os outros, e nossos colegas, faz parte de nossa "ética". Não colar dos outros, infelizmente, não faz.

O problema do mundo é que normalmente decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário. Por quê? Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos. Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição. Monica Levinski, uma insignificante estagiária na Casa Branca, colocou a ambição na frente da ética, e tirou o Partido Democrata do poder, numa eleição praticamente ganha, pelo enorme sucesso da economia na sua gestão.

Definir cedo o comportamento ético pode ser a tarefa mais importante da vida, especialmente se você pretende ser um estagiário. Nunca me esqueço de um almoço, há 25 anos, com um importante empresário do setor eletrônico. Ele começou a chorar no meio do almoço, algo incomum entre empresários, e eu não conseguia imaginar o que eu havia dito de errado. O caso, na realidade, era pessoal: sua filha se casaria no dia seguinte, e ele se dera conta de que não a conhecia, praticamente. Aquele choro me marcou profundamente e se tornou logo cedo parte da ética na minha vida: nunca colocar minha ambição na frente da minha família.

Defina sua ética quanto antes possível. A ambição não pode antecedê-la, é ela que tem de preceder à sua ambição.

Publicado na Revista Veja edição 1684 ano 34  no 3 de 24 de janeiro de 2001 

 

Kanitz 

Disponível em: http://www.gostodeler.com.br/materia/6656/crise_mundial_e_artigo_de_stephen_kanitz.html

 

STEPHEN KANITZ, consultor de empresas e conferencista, vem realizando seminários em grandes empresas no Brasil e no exterior. Já realizou mais de 500 palestras nos últimos 10 anos.

Mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, foi professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

Criador do Prêmio Bem Eficiente para entidades sem fins lucrativos e do site www.voluntarios.com.br.

Criador de Melhores e Maiores da Revista Exame, avaliou até 1995 as 1000 maiores empresas do país.

Sua experiência como consultor lhe rendeu vários prêmios: Prêmio ABAMEC Analista Financeiro do Ano, Prêmio JABUTI 1995 - Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio ANEFAC.

É árbitro da BOVESPA na Câmara de Arbitragem do Novo Mercado.

Disponível em: http://www.kanitz.com/index_refresh.htm

Professor, faça a leitura oral do texto para os alunos, a seguir, estabeleça uma interlocução com eles a respeito do artigo, por meio das perguntas seguintes que deverão ser digitadas e entregues a eles  para que façam o registro das respostas em seus laptops ou tablets.

Questões sobre o texto

1. Observe a página em que o artigo foi publicado. Quem assina o texto?

2. O texto está escrito em primeira pessoa? Justifique sua resposta com exemplos do texto.

3.  O artigo é sobre ambição e ética. Releia o primeiro e o quinto parágrafos. Responda:

Como o autor define ambição e ética? Qual a relação entre elas?

4. Em um artigo de opinião é comum o autor:

  • apresentar sua opinião a respeito do assunto tratado logo no início do texto;
  • em seguida, expor argumentos para convencer o leitor a se posicionar a seu favor;
  • por fim, apresentar suas conclusões.

Identifique essas partes no texto lido.

5. Para convencer o leitor ou ouvinte de uma dada opinião, é preciso apresentar argumentos, isto é, motivos que sejam capazes de justificá-la.

Observe o trecho:

“A mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro, porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como viajar
pelo mundo. No fim da viagem você estará de volta à estaca zero quanto ao dinheiro, mas terá cumprido sua ambição.”

a. Qual a justificativa do autor para a afirmação: “a mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro”?

b. Operadores argumentativos são mecanismos linguísticos que permitem indicar a força e a orientação argumentativa dos enunciados,  determinando o  modo de dizer o que se  tem para dizer.

  •  A palavra porque  em “porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como viajar pelo mundo”, é um operador argumentativo?

Por meio dessa palavra (porque):

(  ) introduz-se uma justificativa ou explicação para o enunciado anterior;

(   ) estabelece-se uma relação de causa e consequência entre os enunciados.

c. Identifique, no texto, outras ocorrências do operador argumentativo porque, e explique a relação de sentido estabelecida por meio dele.

6. Os operadores mas, porém, no entanto, todavia – assinalam uma oposição entre argumentos explícitos ou implícitos  no texto.

Releia esta passagem do texto - quinto parágrafo – e explique a relação de  sentido introduzida pelo operador mas.

“A maioria dos pais se preocupa bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética. Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano, o objetivo maior”.

7. Releia o quarto parágrafo do texto:

“Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, muito menos em ter "grandes" ambições. As pessoas mais ambiciosas que conheço não são os pontocom que querem fazer um IPO (sigla de oferta pública inicial de ações) em Nova York. São os líderes de entidades beneficentes do Brasil, que querem "acabar com a pobreza do mundo" ou "eliminar a corrupção do Brasil". Esses, sim, são projetos ambiciosos.”

a. O que se pode inferir da visão do autor sobre a corrupção no Brasil? Comente.

8. Releia o sexto parágrafo do texto:

“Algumas escolas estão ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Não conheço ninguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado do colega. "Ajudar" os outros, e nossos colegas, faz parte de nossa "ética". Não colar dos outros, infelizmente, não faz. “

A partir da posição do autor, manifeste sua opinião a respeito de ética.

  • Professor, faça a correção das questões em voz alta com os alunos, chamando a atenção deles para pontos importantes do texto.

Problematização do Tema

Professor, a partir das respostas das questões sobre o artigo de opinião, “Ambição e ética”, de Stephen Kanitz,   chame a atenção dos alunos para a importância dos operadores argumentativos na indicação da força argumentativa dos enunciados, direcionando   o leitor  para  a construção de determinados sentidos.

Aproveite esse  momento para orientar os alunos a formular a pergunta que irá nortear  as atividades de pesquisa que serão realizadas por eles.

 Focalizando os operadores, uma possível pergunta poderia ser:

  Qual é  a função dos operadores argumentativos no gênero discursivo  artigo de opinião?

Justificativa

Professor, oriente os alunos a produzirem a justificativa, depois de realizadas as atividades de pesquisa. Desse modo, eles terão mais clareza da importância dos operadores argumentativos na articulação das ideias no texto, uma vez que esses elementos contribuem para o encaminhamento das decisões estratégicas, tomadas intencionalmente pelo autor do texto, ao construir a argumentação e ganhar a adesão do leitor.  Eles deverão construir o texto, procurando responder à pergunta: por que é importante realizar um estudo sobre o emprego dos operadores argumentativos no gênero artigo de opinião?

Terceiro Passo – Hora da pesquisa

Os alunos, em grupo de cinco componentes, deverão realizar as atividades propostas.

Atividade 1

1. Os alunos deverão realizar uma pesquisa sobre os operadores argumentativos, a partir do seguinte roteiro:

a. Operadores  argumentativos: definição

b. Os operadores argumentativos são utilizados para introduzir vários tipos de argumentos. Quais são os operadores mais comuns?

Sugestão de links para pesquisa:

http://www.professorafrancinetecel.com/component/k2/item/8-os-operadores-argumentativos.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Operadores_argumentativos

2.  Depois de acessarem os links, os alunos, a partir da pesquisa realizada, deverão identificar a relação de sentido estabelecida pelos operadores argumentativos em destaque no artigo “A origem da corrupção”, de Stephen Kanitz., disponível na página: http://www.kanitz.com/veja/corrupcao.asp

 

A  origem da corrupção

O Brasil não é um país intrinsecamente corrupto. Não existe nos genes brasileiros nada que nos predisponha à corrupção, algo herdado, por exemplo, de desterrados portugueses.

A Austrália que foi colônia penal do império britânico, não possui índices de corrupção superiores aos de outras nações, pelo contrário. Nós brasileiros não somos nem mais nem menos corruptos que os japoneses, que a cada par de anos têm um ministro que renuncia diante de denúncias de corrupção.

Somos, sim, um país onde a corrupção, pública e privada, é detectada somente quando chega a milhões de dólares e porque um irmão, um genro, um jornalista ou alguém botou a boca no trombone, não por um processo sistemático de auditoria. As nações com menor índice de corrupção são as que têm o maior número de auditores e fiscais formados e treinados. A Dinamarca e a Holanda possuem 100 auditores por 100.000 habitantes. Nos países efetivamente auditados, a corrupção é detectada no nascedouro ou quando ainda é pequena. O Brasil, país com um dos mais elevados índices de corrupção, segundo o World Economic Forum, tem somente oito auditores por 100.000 habitantes, 12.800 auditores no total. Se quisermos os mesmos níveis de lisura da Dinamarca e da Holanda precisaremos formar e treinar 160.000 auditores.

Simples. Uma das maiores universidades do Brasil possui hoje 62 professores de Economia, mas só um de auditoria. Um único professor para formar os milhares de fiscais, auditores internos, auditores externos, conselheiros de tribunais de contas, fiscais do Banco Central, fiscais da CVM e analistas de controles internos que o Brasil precisa para combater a corrupção.

A principal função do auditor inclusive nem é a de fiscalizar depois do fato consumado, mas a de criar controles internos para que a fraude e a corrupção não possam sequer ser praticadas. Durante os anos de ditadura, quando a liberdade de imprensa e a auditoria não eram prioridade, as verbas da educação foram redirecionadas para outros cursos. Como consequência, aqui temos doze economistas formados para cada auditor, enquanto nos Estados Unidos existem doze auditores para cada economista formado. Para eliminar a corrupção, teremos de redirecionar rapidamente as verbas de volta ao seu devido destino, para que sejamos uma nação que não precise depender de dedos duros ou genros que botam a boca no trombone, e sim de profissionais competentes com uma ética profissional elaborada.

Países avançados colocam seus auditores num pedestal de respeitabilidade e de reconhecimento público que garante a sua honestidade. Na Inglaterra, instituíram o Chartered Accountant. Nos Estados Unidos eles têm o Certified Public Accountant. Uma mãe inglesa e americana sonha com um filho médico, advogado ou contador público. No Brasil, o contador público foi substituído pelo engenheiro.

Bons salários e valorização social são os requisitos básicos para todo sistema funcionar, mas no Brasil estamos pagando e falando mal de nossos fiscais e auditores existentes e nem ao menos treinamos nossos futuros auditores. Nos últimos nove anos, os salários de nossos auditores públicos e fiscais têm sido congelados e seus quadros, reduzidos - uma das razões do crescimento da corrupção. Como o custo da auditoria é muito grande para ser pago pelo cidadão individualmente, essa é uma das poucas funções próprias do estado moderno. Tanto a auditoria como a fiscalização, que vai dos alimentos e segurança de aviões até os direitos do consumidor e os direitos autorais.

O capitalismo remunera quem trabalha e ganha, mas não consegue remunerar quem impede o outro de ganhar roubando. Há quem diga que não é papel do Estado produzir petróleo, mas ninguém discute que é sua função fiscalizar e punir quem mistura água ao álcool. Não serão intervenções cirúrgicas (leia-se CPIs), nem remédios potentes (leia-se códigos de ética), que irão resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos da vigilância de um poderoso sistema imunológico que combata a infecção no nascedouro, como acontece nos países considerados honestos e auditados.Portanto, o Brasil não é um país corrupto. É apenas um país pouco auditado.

Publicado na Revista Veja, edição 1600, ano 32, nº 22, de 2 de junho de 1999, página 21

Disponível em: http://www.kanitz.com/veja/corrupcao.asp

Atividade 2

Professor, discuta o  artigo “Origem da Corrupção” com os alunos. A seguir, proponha a eles que assistam aos vídeos sobre o assunto:

Fábula da corrupção - disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Rx6Gqu5Gq7A

O que você tem a ver com a corrupção - disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hblBL1KTTfw

Eduardo Bueno - início da corrupção no Brasil - disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=n6tWt3IOtmM&feature=relatedenda

Após assistirem aos vídeos os alunos deverão produzir um artigo de opinião expressando o  que eles pensam a respeito da corrupção.

Cada grupo deverá  selecionar um texto para ser apresentado na sala de aula para colegas e professores e postado no Blog da turma.

Professor, oriente os alunos sobre os seguintes aspectos em relação à produção do texto:

  • Utilize a primeira pessoa do singular.
  • Defina com clareza a posição que vai assumir em relação ao assunto.
  • Lembre-se de que você pode usar exemplos ou dados numéricos para comprovar seus argumentos.
  • Utilize informações dos textos lidos sobre o assunto e também dos vídeos assistidos.
  • Dê um título ao seu artigo, apresentando de forma indireta a sua opinião sobre o tema.
  • Esteja atento ao emprego dos operadores argumentativos ao construir e organizar os argumentos.

Quarto Momento: Socialização e Resultados da Pesquisa

  • Os alunos deverão organizar a apresentação do trabalho em Power Point, KPresenter ou no Prezi, com todos os passos do projeto, os artigos produzidos pelo grupo, finalizando com a resposta à pergunta que direcionou a pesquisa.  

 

 

Recursos Complementares

Sugestão de links para os alunos:

Argumentação e linguagem dissertativa - disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=o7lR6zcLHcQ&feature=results_video&playnext=1&list=PL5E58ADE7BEB358B3

 

Sugestão de links a ser consultado pelo professor quando da elaboração de sua aula:

 

UCA - O texto argumentativo: a articulação entre as ideias do texto - disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38520

UCA - Editorial versus Artigo de opinião  - disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37887

UCA - O texto argumentativo: a intencionalidade e as escolhas de linguagem - disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38521

UCA - Conhecendo a argumentação: tipos de argumentos  - Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38507

UCA - Marcas de oposição no texto - disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=35908

Avaliação

A avaliação dos alunos deverá ser feita ao longo de todo o processo. Deverão ser levados em consideração os seguintes critérios:

  • interesse e envolvimento na execução das atividades propostas;
  • contribuição com material bibliográfico;
  • pontualidade na entrega das atividades;
  • domínio do conteúdo temático estudado (por meio da produção do artigo, por exemplo);
  • organização na exposição dos resultados.
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