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Edição 34 - Recreio Criativo
08/02/2010
 
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Recreio deve ser momento de convivência

Recreio é importante em todos os níveis de ensino, inclusive para os professores.

Recreio é importante em todos os níveis de ensino, inclusive para os professores.

Autor: João Bittar/Arquivo MEC


Algo que serve para divertir; brincadeira; divertimento; folguedo; espaço de tempo concedido às crianças para seus brinquedos nos intervalos das aulas ou do estudo. Estes são alguns dos significados da palavra recreio, segundo o dicionário Houaiss. O assunto, que não costumava despertar atenção nas escolas, a não ser no sentido de se observar comportamentos indesejados para evitar brigas, passou a despertar o interesse e os estudos de pesquisadores.

Este é o caso da professora Cristiane Vianna Guzzoni, do curso de educação física da Universidade Metodista de São Paulo. Em sua tese de mestrado na Universidade de Campinas, em 1998, ela abordou o tema A dimensão simbólica do recreio na escola de 1º grau: uma análise a partir das práticas cotidianas. Em seu trabalho, a professora estuda o recreio e o significado cultural das atividades vivenciadas nesse período, tanto pelos alunos quanto pelas demais pessoas que integram a escola. Ao observar recreios e entrevistar diferentes personagens, como alunos, professores, funcionários e diretores, em duas escolas, verificou que os diversos significados atribuídos ao recreio relacionam-se a atividades como: brincadeiras, lanche, liberdade e até mesmo brigas.

Com essa pesquisa, Cristiane, que é formada em educação física e tem 19 anos de experiência no magistério, da educação infantil ao ensino superior, pretendia atribuir um significado para o recreio na escola de ensino fundamental de 1º ao 5º ano (1ª à 4ª série). Ela verificou, no entanto, que tal objetivo era impossível, pois as pessoas possuem diferentes maneiras de ver as coisas e interpretá-las. “A pesquisa demonstrou que crianças e adultos possuem concepções diferentes sobre o recreio, e isto irá interferir enormemente nos significados que ambos irão atribuir a este período do cotidiano escolar”, salienta.

Para ela , o recreio é importante e fundamental em todos os níveis de ensino, inclusive para os professores. “O importante é não entender o recreio apenas como um momento para suprir necessidades básicas - comer, ir ao banheiro etc. O recreio é importante porque tenho que ter um momento onde possa con-viver”, acredita. Cristiane diz que tem verificado, em algumas escolas, a restrição do espaço físico para as vivências de recreio, o que tem provocado a realização de recreios separados: cada turma sai para o recreio, lancha e retorna para a sala sem o contato com outras salas. “Esse parece ser, para mim, um grande equívoco das escolas, que em função da ‘organização’ impedem que as crianças estabeleçam a convivência”, argumenta a professora. “Mais do que indicar atividades para os períodos de recreio, as escolas devem garantir a possibilidade das crianças vivenciarem este espaço com qualidade”, defende.

Em sua opinião, o fato de a escola oferecer alguma possibilidade de vivência durante o recreio poderá ser positivo, desde que o aluno não seja obrigado ou dirigido para a atividade. “Qualquer possibilidade que o aluno tenha de exercitar sua criatividade, de demonstrar suas potencialidades e de vivenciar o convívio com o outro é positiva, desde que seja por opção”, enfatiza. De acordo com Cristiane, é um equívoco pensar que quem oferece a criatividade é a escola, pois sua pesquisa demonstrou que por mais árido que fosse o espaço da escola, as crianças sempre tinham uma saída criativa. ”Muitas vezes as pedras, as folhas de árvores e até os pilares do pátio eram usados como elementos nas brincadeiras”, ressalta.

Em sua visão, pensar em recreios criativos deve remeter à possibilidade das crianças exercitarem sua criatividade nas mais diferentes situações. Nesse sentido, explica que o oferecimento de instrumentos, elementos e propostas pode colaborar muito para que essa vivência seja lúdica e criativa. Porém, argumenta: “nada será mais significativo do que oferecer a possibilidade dos alunos optarem e, principalmente, terem espaço físico e liberdade para propor suas ações. Sem esquecer, é claro, que o não fazer deve ser uma das escolhas possíveis”.

(Fátima Schenini)

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