Cidadania não tem idade no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) São Francisco de Assis, em Catalão, no Estado de Goiás. Esta afirmativa é levada tão a sério que deu nome a um projeto desenvolvido pela instituição e que engloba as famílias de seus mais de 1.300 estudantes de ensino infantil e fundamental. Criado originalmente pela ex-professora do Caic, Eriziane de Moura Silva Rosa, o projeto conquistou o Prêmio Incentivo à Educação Fundamental 2004.

“Que contribuição a família pode trazer para a escola e o que a escola pode ensinar à família? Nas ações que desenvolvemos, tanto a escola quanto a família aprendem e ensinam. Inclusive os avós, que contribuem com ensinamentos sobre antigas brincadeiras”, diz a diretora do Caic, Jaqueliny de Souza Dib. A escola tem parceria com a Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Por meio dessas parcerias, o colégio oferece oficinas de música e artesanato, além de aulas variadas. Aproveitamento de sobras de alimentos é uma delas.

De acordo com a diretora, é por meio de ações quotidianas que os alunos praticam os direitos e os deveres do cidadão que incluem noções de higiene e reciclagem de lixo e aprendem a ser responsáveis. “O trabalho tem surtido efeito. Os meninos agora têm muito mais consciência e reclamam quando vêm lixo jogado no chão”, afirma.

Uma das ações desenvolvidas pela instituição foi a de prevenção e combate à dengue no município de Catalão. Os alunos distribuíram panfletos por toda a cidade, falaram com os passageiros dos ônibus e foram de casa em casa, para conscientizar a população.

Em Palmas, Tocantins, a visão de ética e cidadania é o eixo central do projeto político pedagógico do Centro de Ensino Médio Santa Rita de Cássia, desde 2006. “A principal função do trabalho com esta temática é formar cidadãos conscientes do seu papel na sociedade, tornando-os capazes de enxergar a realidade e discernir como agir. A escola tem que ser a construtora do saber com justiça social”, diz a diretora da escola, Maria Aparecida Leal Pimenta. Segundo ela, a escola assumiu a função de contribuir para a formação de seus alunos, tornando-os cidadãos e cidadãs, críticos, conscientes e atuantes.

De acordo com a coordenadora pedagógica do ensino médio (área de ciências humanas), Merian Lopes de Souza, com esse projeto a instituição quis amenizar situações como indisciplina, violência, depredação do patrimônio e meio ambiente, desrespeito com colegas e professores, dificuldade de aprendizagem, e falta de perspectiva de vida. A escola, que tem cerca de 2.340 alunos, do 6º ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, além da Educação de Jovens e Adultos, passou a desenvolver várias ações pedagógicas, em parceria com os pais e com a comunidade em geral.

Uma dessas ações foi a criação do Fórum de Ciências Humanas, para a apresentação de trabalhos dos estudantes sobre temas como preconceito racial e conscientização do uso da água. A escola também promove visitas às instituições universitárias do município, para que os alunos conheçam os diversos cursos oferecidos e fiquem informados sobre as diferentes profissões.

O desenvolvimento do projeto de ética e cidadania despertou ações voluntárias. “Uma aluna do 3º ano se propôs a realizar um curso de inglês básico aos sábados, para alunos e pessoas da comunidade. Outros colegas se ofereceram para dar aulas de reforço, em diversas disciplinas. Temos também alunos do 3º ano participando como monitores de sala e dando apoio para a coordenação pedagógica,” informa Merian. Ela destaca, ainda, a melhoria ocorrida nos índices de evasão. Em 2005, os percentuais chegavam a 8,2 no ensino médio e a 6,0 nas séries finais do fundamental. Em 2007, foram reduzidos para 3,8 e 1,87, respectivamente.

(Fátima Schenini)

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Programa de Ética e Cidadania da Secretaria de Educação Básica do MEC