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Edição 25 - Matemática Descomplicada
26/08/2009
 
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Professora usa sucata para criar novas formas de aprendizagem

Alunos do Ciep Marechal Henrique Teixeira Lott, no Rio, participam do Projeto Ábaco.

Alunos do Ciep Marechal Henrique Teixeira Lott, no Rio, participam do Projeto Ábaco.

Autor: Arquivo pessoal


Professora há mais de 15 anos, Kátia Leite Campos, do Rio de Janeiro (RJ), criou um projeto que utiliza recursos vindos do lixo para trabalhar com estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem. É o Projeto Ábaco, que busca integrar conceitos filosóficos e socioeducacionais ao processo de desenvolvimento do aluno, pautados no desenvolvimento sustentável.

Palitos de churrasco, tampinhas e argolas de garrafa pet, e potinhos variados são alguns dos materiais usados. “Uso também caixas de ovos, papéis velhos em forma de bolinhas, jornais com marcação de território, o domínio da tabuada e pronto: temos um jogo matemático que interdisciplinariza com geografia e história”, explica a professora, que dá aulas para alunos do ensino fundamental no Ciep Marechal Henrique Teixeira Lott, no Realengo, zona oeste da capital. Com licenciatura plena em matemática, ela é professora concursada do município, desde 2001.

O projeto foi desenvolvido, inicialmente, com 28 estudantes do período final do 1º ciclo que não sabiam somar, nem ler e escrever. Os alunos foram acompanhados durante dois anos, no período de 2006 e 2007. “Como essas crianças já haviam passado por vários métodos para aprender, busquei criar outras formas e acabei desenvolvendo jogos, uma nova metodologia com recursos vindos do lixo”, diz Kátia.

Em sua opinião, os jogos proporcionaram mais astúcia e raciocínio lógico aos estudantes. Além disso, o fato de que algumas etapas exigiam a interpretação e a escrita em forma de registros, fez com que os alunos passassem a escrever espontaneamente. A aprendizagem melhorou muito e puderam obter resultados positivos. “Os alunos saíram do não saber para o saber, do não poder para o poder, do não capaz para o capaz. Passaram a apreciar e gostar de aprender matemática. A assimilação ficou descomplicada”, destaca.

Em 2008, o projeto teve a participação de 34 alunos e, em 2009, são 33 os participantes. Para atender as necessidades dos alunos, Kátia fez algumas adaptações que levaram à criação de novos jogos, com níveis mais difíceis de desenvolvimento. Hoje são 12 jogos feitos com materiais recicláveis, que podem ser aplicados na faixa dos cinco aos 12 anos.

Pesquisadora autônoma, ela diz que seus maiores desafios, hoje, nas pesquisas de campo são o desenvolvimento e a dinamização da metodologia e da divulgação e a aplicação dos jogos a âmbito de incubadoras, ou seja, plantar a idéia e a metodologia a longo prazo e realizar mais estudos. Ela tem participado de palestras e congressos e recebido muitos pedidos de professores para realizar oficinas sobre o projeto. “Andorinha sozinha não faz verão. Aí entram minhas amigas Fátima Gismonti, Luciana Andreia, e Maria Augusta. Elas são meu time e com elas espero formar multiplicadores e prosseguir, além, claro, de outros que venham agregar a nossa filosofia e metodologia”, ressalta.

Outros projetos – Kátia já desenvolveu outros projetos. Em 2000, quando dava aulas em Santo Antônio de Pádua, no interior do estado, aliou músicas de cantigas de roda à recreação para melhorar o desempenho de uma turma com dificuldades. Ela tocava as músicas e pedia que eles escrevessem as letras no quadro-negro. Depois passava as letras para a forma de notas musicais, atribuía valores e os alunos tinham que combinar os valores e acertar as letras das músicas. “Chegamos a formar expressões numéricas e nesse nível eles já se desdobravam com facilidade e bom desempenho”, salienta.

Idealista e entusiasta, Kátia pretende continuar lecionando no ensino fundamental. “Quero ser uma professora graduada e pós-graduada em matemática, atuando na base da educação e dizendo a meus alunos: “não tenha receio, vamos tirar de letra. Matemática não é nada complicada!” Para ela, é preciso mudar a forma como a matemática é transmitida para os alunos a fim de passar um sentimento de natural, simples e descomplicado. “Quando se diz que algo é difícil, cria-se um obstáculo,” acredita.

(Fátima Schenini)

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